terça-feira, 7 de maio de 2013
PALAVRA DE VIDA – MAIO DE 2013
“Dai, e vos será dado; recebereis uma medida boa, calcada, sacudida,
transbordante.” (Lc 6, 38)
Nunca lhe aconteceu receber
um presente de um amigo e sentir a necessidade de retribuir? Retribuir, não
tanto por obrigação, mas por um verdadeiro amor, cheio de gratidão?
Provavelmente sim.
Se isto acontece com você,
imagine então com Deus, com Deus que é Amor. Ele retribui sempre todo bem que
fazemos ao nosso próximo em seu nome. É uma experiência que os cristãos
verdadeiros fazem constantemente. E sempre é uma surpresa. Nunca nos
acostumamos com a criatividade de Deus. Poderia citar mil, dez mil exemplos,
poderia escrever um livro a este respeito. Você veria como é verdadeira a
imagem evocada pela frase: “Recebereis uma medida boa, calcada,
sacudida, transbordante”, para explicar a bondade de Deus, a abundância
com que ele retribui.
“Já anoitecera em Roma. E,
num minúsculo apartamento, um pequeno grupo de moças que procuravam viver o
Evangelho – eram os primeiros tempos do Movimento – preparava-se para dormir.
Nesse momento toca a campainha. Quem seria àquelas horas? Um senhor estava à
porta, em pânico, desesperado: no dia seguinte seria despejado de sua casa, com
toda a família, porque não podia pagar o aluguel. As jovens se entreolharam e,
de comum acordo, abriram a gaveta onde guardavam o que tinha sobrado de seus
ordenados. Deram tudo àquele homem, sem raciocinar. Naquela noite dormiram
felizes. Alguém haveria de pensar nelas.
Mas, ainda não despontou o dia e já toca o telefone. ‘Estou indo até aí
de táxi’ – era a voz daquele homem.
Estranhando por ele vir de táxi, as moças esperam. O rosto do hóspede
revela que alguma coisa havia mudado: ‘Ontem à noite, logo que cheguei em casa,
me entregaram uma pequena herança que eu nem sonhava receber. O coração me diz
que devo dar a metade para vocês’. A importância correspondia exatamente ao
dobro daquilo que elas generosamente haviam doado”.
“Dai, e
vos será dado; recebereis uma medida boa, calcada, sacudida, transbordante.”
E você, já fez essa
experiência? Se ainda não, lembre-se de que é preciso doar desinteressadamente,
sem esperar nada em troca, a quem quer que lhe peça algo.
Experimente. Não para ver o
resultado, mas porque você ama a Deus.
Você poderá dizer: mas eu
não tenho nada.
Não é verdade. Se quisermos,
temos verdadeiros tesouros: o nosso tempo livre, o nosso coração, o nosso
sorriso, o nosso conselho, a nossa cultura, a nossa paz, a nossa palavra para
convencer aquele que tem bens a partilhá-los com os que não têm...
Você poderá replicar: mas
não sei a quem doar. Olhe ao seu redor: você se lembra daquele doente no
hospital, daquela mulher, viúva, sempre sozinha, daquele colega tão desanimado
porque não se saiu bem na escola, daquele jovem desempregado sempre triste, do
irmãozinho que precisa de ajuda, daquele amigo na prisão, daquele aprendiz
inseguro? É neles que Cristo espera você.
Assuma o comportamento novo
do cristão – do qual o Evangelho está todo impregnado – que é o
“antifechamento”. Renuncie a colocar a sua segurança nos bens da terra e
apoie-se em Deus. É assim que você mostrará a sua fé nele, a qual logo será
confirmada pela retribuição que chegará às suas mãos.
E é lógico que Deus não se
comporta assim para enriquecê-lo ou para nos enriquecer. Ele o faz para que outros,
muitos outros, vendo os pequenos milagres do nosso dar, façam o mesmo.
Deus faz assim porque,
quanto mais tivermos, mais poderemos dar. A fim de que, como verdadeiros
administradores dos bens de Deus, façamos circular tudo na comunidade ao nosso
redor, até que se possa dizer a nosso respeito o que se dizia da primeira
comunidade de Jerusalém: “Não havia nenhum indigente entre eles”.
Você não sente que desse modo contribui a dar um espírito autêntico à revolução
social que o mundo espera?
“Dai e vos será dado”. Certamente Jesus pensava
em primeiro lugar na recompensa que teremos no paraíso; mas tudo o que acontece
nessa terra já é um prelúdio e uma garantia disso.
Chiara Lubich
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