quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Palavra de Vida de Novembro


"Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada." (Jo14,23)


         Jesus está dirigindo aos apóstolos suas solenes e veementes palavras de despedida, garantindo-lhes, entre outras coisas, que haveriam de vê-lo novamente, porque Ele haveria de se manifestar àqueles que o amam.
         Judas Tadeu (não o Iscariotes) pergunta-lhe então por que Ele se manifestaria somente a eles e não em público. O discípulo desejava uma grande manifestação externa de Jesus, pois essa poderia mudar a história e seria, na sua opinião, mais útil para a salvação do mundo. Com efeito, os apóstolos pensavam que Jesus fosse o profeta tão esperado dos últimos tempos que, ao manifestar-se, haveria de revelar-se diante de todos como o Rei de Israel e, assumindo a liderança do povo de Deus, instauraria definitivamente o Reino do Senhor.
         Jesus, porém, responde que a sua manifestação não se daria de modo espetacular e externo. Seria uma simples, extraordinária "Vinda" da Trindade ao coração do fiel, vinda que se realiza lá onde existe fé e amor.
         Com essa resposta Jesus deixa claro de que modo Ele permanecerá presente no meio dos seus, depois da sua morte, e explica como será possível ter contato com Ele.


"Se alguem me ama, guardar a minha palavra; meu Pai o amar, e n viremos e faremos nele a nossa morada."

         Portanto, a sua presença pode acontecer desde já nos cristãos e no meio da comunidade; não é necessário esperar o futuro. O templo que acolhe essa presença não é tanto um templo feito de paredes, mas o próprio coração do cristão, que se torna assim o novo sacrário, a morada viva da Trindade.


            "Se alguem me ama, observar a minha palavra e meu Pai o amar; n viremos a ele e faremos nele a nossa morada."

         Mas como o cristão pode chegar a isso? Como pode conter em si o próprio Deus? Qual o caminho para entrar nessa profunda comunhão com Ele?
         O caminho é o amor para com Jesus.
         Um amor que não é mero sentimentalismo, mas que se traduz em vida concreta e, exatamente, na observância da sua Palavra.
         É a esse amor do cristão, comprovado pelos fatos, que Deus responde com seu amor: a Trindade vem morar nele.


            "Se alguem me ama, guardar a minha palavra; meu Pai o amar, e n viremos e faremos nele a nossa morada."

         "... guardará a minha palavra".
         E quais são as palavras que o cristão é chamado a guardar?
         No Evangelho de João, a expressão "as minhas palavras" muitas vezes é sinônimo de "os meus mandamentos". O cristão, portanto, é chamado a guardar os mandamentos de Jesus. No entanto, esses não devem ser entendidos propriamente como uma coletânea de leis. Mais que isso, é preciso vê-los todos sintetizados naquilo que Jesus ilustrou com o lava-pés: o mandamento do amor recíproco. Deus ordena que cada cristão ame o outro até a doação total de si mesmo, como Jesus ensinou e fez.


            "Se alguem me ama, guardar a minha palavra; meu Pai o amar, e n viremos e faremos nele a nossa morada."

         Então, como podemos viver bem esta Palavra? Como chegar ao ponto em que o próprio Pai nos amará e a Trindade virá habitar em nós?
         Atuando com todo o nosso coração, com radicalismo e perseverança, justamente o amor recíproco entre nós.
         É principalmente nesse amor que o cristão encontra também o caminho daquela profunda ascese cristã que o Crucificado exige dele. Com efeito, é aí, no amor mútuo, que florescem no seu coração as diversas virtudes e é aí que ele pode corresponder ao chamado para a sua própria santificação.


                                                                           Chiara Lubich



Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em maio de 2001